Os primeiros dados apontados pelo Censo de 2010 do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) revelam que a população de Curitiba é menor do que a estimada antes do levantamento, de acordo com dados do IBGE de 2000 e 2007, do Ipardes, o Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social, e do IPPUC, o Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba.
Contrariando a estimativa de 1.872.122, os números oficiais da contagem revelaram que a cidade tem, na verdade, uma população de 1.746.896. De 2000 a 2010 o crescimento populacional foi de 10,05%. Em 2000, a população era de 1.587.315. Em números absolutos, são 159.581 pessoas a mais. Curitiba perdeu uma posição entre as cidades mais populosas do Brasil, caindo da 7ª posição para a 8ª.
“Tanto tempo sem fazer o levantamento pode resultar em diferenças representativas, se comparadas as estimativas ao censo. Dez anos para a realidade brasileira é um período muito longo e podem ocorrer várias mudanças na nossa sociedade”, analisa o supervisor de informações do IPPUC, Lourival Peyerl.
Os dados do IBGE são essenciais para que as cidades possam fazer o seu planejamento. No caso de Curitiba, os indicadores oficiais muitas vezes são o ponto de partida de muitas iniciativas e direcionam os estudos, o desenvolvimento de projetos e propostas elaboradas pelo IPPUC.
Uma das formas de utilização dos dados é para a definição da localização de equipamentos da prefeitura, como escolas e unidades de saúde. Ao verificar o crescimento populacional de uma determinada região, por exemplo, é possível decidir ou não pela implantação de um equipamento e dimensionar a sua capacidade para que os recursos aplicados na sua implantação sejam aproveitados ao máximo e pelo maior número de cidadãos.
Antes do complexo trabalho de recenseamento começar em 2010, o IPPUC trabalhava com uma taxa de crescimento anual em Curitiba de 1,62%, mas na comparação entre os dados do censo anterior, feito em 2000, e o deste ano a taxa foi de 0,96%. A diferença tem impacto direto no planejamento da cidade e o que os números globais da cidade revelam vão refletir também nos indicadores dos 75 bairros da cidade, que ainda não foram divulgados pelo IBGE, e nas nove administrações regionais. Nos bairros, a informação precisa é ainda mais estratégica e importante ao planejamento, na avaliação de especialistas do IPPUC.
Enquanto o IBGE não divulgar os dados do Censo 2010 por bairro, a Prefeitura continuará trabalhando com as estimativas desenvolvidas para todos os bairros da cidade em 2007, levantamento que foi elaborado pela respeitada demógrafa e economista, Ana Amélia Camarano, contratada pelo IPPUC. Naquele ano, o IBGE não fez a contagem em Curitiba.
A redução do crescimento populacional de Curitiba está relacionada a diversos fatores, como a taxa de fecundidade menor, segundo informou o chefe do IBGE no Paraná, Sinval Dias dos Santos. Ele esclareceu que outros indicadores a respeito dos dados de Curitiba, do Paraná e do Brasil serão divulgados em 2011 e poderão permitir a identificar outras razões para esta redução.
Na avaliação do supervisor de informações do IPPUC, Lourival Peyerl, o decréscimo no crescimento populacional de Curitiba pode estar relacionado também ao movimento migratório. “A população de Curitiba pode ter ido para outras cidades e até mesmo ter mudado de estado. Joinville, por exemplo, com base nos dados do Censo 2010, passou a ser a terceira maior cidade do Sul do Brasil”, sugere o especialista do IPPUC.
400 mil a cada 10 anos – Em relação à Região Metropolitana de Curitiba, formada por 26 municípios, incluindo Curitiba, o crescimento foi de 14,46% em dez anos, ou 400.313 pessoas a mais em relação a 2000. Em números absolutos, o crescimento da Região Metropolitana de Curitiba representa uma população adicional equivalente à população de Maringá, de 357.117, somada à população da cidade de Paiçandu (vizinha a Maringá), de 35.941 pessoas, a cada década.
Desconsiderados os dados de Curitiba, as outras 25 cidades da Região Metropolitana apresentam a impressionante taxa de crescimento de 20,38% - superior ao crescimento do Paraná, que foi de 9,16% e do Brasil, que foi de 12,33%. “Mais do que impressionante, é uma taxa preocupante por ser uma região dotada de menos infraestrutura. A demanda metropolitana pressiona Curitiba. Por isso, as questões metropolitanas exigem o envolvimento de todos, tanto municípios quanto estado”, disse Peyerl.
O Censo 2010 registrou uma população de 190.732.694 pessoas no Brasil e 10.439.601 no Paraná, que representa 5,47% da população brasileira. O Paraná tem hoje 3,16 pessoas por família.
Cidades mais populosas do Brasil, segundo o Censo 2010:
1ª – São Paulo – 11.244.369
2ª – Rio de Janeiro – 6.323.037
3ª – Salvador – 2.676.606
4ª – Brasília – 2.562.963
5ª – Fortaleza – 2.447.409
6ª – Belo Horizonte – 2.375.444
7ª – Manaus – 1.802.525
8ª – Curitiba – 1.746.896
9ª – Recife – 1.536.934
10ª – Porto Alegre – 1.409.939
Fonte: IPPUC